Intoeing e out-toeing

É comum as crianças começarem a andar com os pés virados para dentro. Aprender a andar demora tempo e requer prática. Quando os pés apontam para dentro, falamos de in-toeing (ou intraversão). Out-toeing (ou extra-versão) é o termo que se refere à orientação dos pés para fora.

Diagnóstico

A maior parte das consultas relacionadas com alterações rotacionais dos membros inferiores devem-se a intoeing. No início da marcha, a principal razão para esta caraterística é a torção tibial medial, frequentemente associada com varismo da tíbia (tíbia vara fisiológica). Nestas situações, o joelho aponta para a frente, mas o pé está em convergência. Trata-se de uma situação fisiológica, mais evidente por volta dos 18 meses, e que tende a desaparecer até aos 4 anos de idade.

Por vezes, o intoeing manifesta-se um pouco mais tarde, por volta dos dois a três anos de idade. Habitualmente, o joelho e o pé apontam para dentro, estando ambos em convergência. Nestes casos, é a anca que está a provocar essa rotação e todo o membro inferior está rodado para dentro. Isso resulta de uma anteversão femoral aumentada e é devido a essa caraterística que muitas crianças também se sentam em W. Como regra, o ângulo de anteversão femoral vai diminuindo com o crescimento, o que resulta numa progressiva rotação para fora de todo o membro inferior. A última causa para intoeing, logo detetada ao nascimento e que pode persistir, se não tratada, durante toda a vida é uma alteração congénita chamada metatarsus adductus. Nestes casos, é uma curvatura do próprio pé que faz com que os dedos apontem para dentro. Embora se trate, habitualmente, de uma situação posicional com tendência à melhoria, há casos que necessitam de tratamento precoce, idealmente ainda antes da idade da marcha.

Por que motivo algumas crianças desenvolvem variações rotacionais e outras não, não está esclarecido. A tíbia vara fisiológica (arqueamento e in-toeing) parece estar associada com início da marcha mais precoce e maior atividade, no entanto, é mais consensual que a história familiar de in-toeing ou de out-toeing desempenhe um papel determinante.

Sintomas

As variações rotacionais dos membros inferiores são comuns durante o crescimento e, para a maioria das crianças não são motivo de preocupação. São variações que não causam dor, não têm qualquer repercussão funcional e, geralmente, melhoram à medida que as crianças crescem.

Tratamento

À medida que a as crianças vão crescendo, habitualmente os seus ossos vão rodando progressivamente para o ângulo normal do adulto. Pisar para dentro ou para fora, vão melhorando de forma gradual, mas lenta. 

No passado, botas ortopédicas e aparelhos de torção eram usados para “tratar” essas variações normais do alinhamento rotacional dos membros inferiores.

Hoje sabemos que nenhuma dessas medidas contribui para uma modificação do alinhamento rotacional e, portanto, o seu uso não está indicado.

Em caso de dúvida, ou se a evolução não estiver a ser a esperada (assimetrias, claudicação, dor), deve aconselhar-se com o seu médico. Para um pequeno número de crianças, as anormalidades da marcha podem estar associadas a outros problemas, sobretudo de origem neurológica ou neuromuscular. Todas estas situações devem ser profundamente investigadas para que o seu tratamento seja atempado e adequado

Prof. Nuno Alegrete

Prof. Nuno Alegrete

Nuno Alegrete é Ortopedista Pediátrico no Hospital CUF Porto, onde é Coordenador da Unidade de Ortopedia Pediátrica e de Deformidades da Coluna.

O Prof. Nuno Alegrete consulta à 3ª, 4ª e 6ª de tarde, e à 5ª de manhã.

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