Pé boto

Pé boto, ou pé equinovaro congénito, é uma deformidade tridimensional complexa do pé, sendo considerado uma das deformidades congénitas mais comuns no membro inferior, atingindo cerca de 1 a 3 crianças em cada 1000 nascimentos.
Muitos casos de pé boto estão associados a doenças neuromusculares, anomalias cromossómicas e síndromes polimalformativos mas, na maior parte das vezes, trata-se de uma alteração isolada, sem uma causa claramente conhecida (pé boto idiopático), em crianças saudáveis.

Diagnóstico

Atualmente, na maior parte dos casos, o diagnóstico de pé boto é feito durante a gravidez, através de ecografia. Nestes casos, recomenda-se a  realização de uma consulta pré-natal permitindo, dessa forma, todo o esclarecimento e orientação, tentando diminuir a ansiedade sempre presente quando existe um diagnóstico pré-natal de qualquer anomalia.

Sintomas

O pé boto não causa qualquer dor ou desconforto ao bebé.

Tratamento

O objectivo principal do tratamento é corrigir todos os componentes da deformidade e fazer com que cada doente tenha um pé plantígrado, funcional, com boa mobilidade, ausência de dor e calosidades, e sem necessidade de calçado especial ou modificado, permitindo uma vida pessoal, familiar, social, profissional e desportiva sem limitações.

O método de tratamento mais difundido em todo o mundo é o método de Ponseti. Esta técnica consiste na realização semanal de manipulações do pé com posterior aplicação de gessos em todo o membro inferior. Habitualmente, são necessários 4 a 6 gessos semanais. Em alguns casos, é preciso efetuar, posteriormente, o corte do tendão de Aquiles (técnica de pequena cirurgia, efectuada com anestesia local, sem necessidade de internamento ou ida ao bloco operatório, em que se secciona o tendão de Aquiles), seguida de um último gesso com duração de 3 semanas. Desta forma, quando o bebé tem 2 meses de vida, o pé já estará corrigido. Após esta primeira fase (fase de correcção) é mandatória a utilização de ortóteses de abdução dos pés durante uma parte do dia (normalmente o período noturno) até cerca dos 4 a 5 anos (fase de manutenção). A função destas ortóteses é impedir o retorno da deformidade, uma vez que o pé boto “tem memória”.

Nalgumas situações, em que o Método de Ponseti não foi suficiente (o que pode ocorrer em 1% dos casos) ou em que houve recidiva (habitualmente por dificuldades na fase de uso das ortóteses de abdução), pode ser necessário o recurso a procedimentos cirúrgicos. Nenhuma cirurgia deve ser realizada, no entanto, sem que, previamente, se tenha tentado o tratamento conservador.

Prof. Nuno Alegrete

Prof. Nuno Alegrete

Nuno Alegrete é Ortopedista Pediátrico no Hospital CUF Porto, onde é Coordenador da Unidade de Ortopedia Pediátrica e de Deformidades da Coluna.

O Prof. Nuno Alegrete consulta à 3ª, 4ª e 6ª de tarde, e à 5ª de manhã.

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