Escoliose e Deformidades do Adulto

Quando observada de frente, a coluna vertebral normal é reta. O aparecimento de curvas anormais, patológicas, neste eixo constitui uma Escoliose. Pelo contrário, quando observada de lado, a coluna vertebral tem curvas que fazem com que a zona mais alta do tronco, denominada região dorsal ou torácica, se projete um pouco para fora, também conhecido como Cifose, e que a zona lombar, situada ao fundo das costas, entre ligeiramente para dentro, denominada Lordose.

Embora estas curvas sejam normais, existem limites que, quando excedidos, tornam a Cifose e a Lordose patológicas. Sempre que esta deformidade é identificada após total formação dos ossos, ao atingir a maturidade esquelética, é designada por Escoliose ou Deformidade da Coluna do Adulto. As Deformidades da Coluna do Adulto afetam até cerca de 2/3 dos adultos, e o diagnóstico é, geralmente, feito após os 40 anos, em média por volta dos 70 anos.
Ao contrário da Escoliose da criança e do adolescente, ou Escoliose Idiopática, em que a causa é, na maioria das vezes, desconhecida, no adulto tanto o envelhecimento da coluna como a osteoporose, a artrose, as fraturas de compressão ou a estenose vertebral, são alguns dos fatores identificados no desenvolvimento e progressão das deformidades.

Diagnóstico

O Raio-X de toda a coluna em diferentes incidências e inclinações, permite o diagnóstico, mas não dispensa uma história clínica e exame físico cuidados, incluindo um exame neurológico detalhado para determinar se há compromisso dos nervos raquidianos ou da medula. Dado o efeito sobre as estruturas nervosas condicionado pela deformidade, estudos adicionais como a Tomografia Axial Computorizada (vulgo TAC) ou a Ressonância Magnética, são também fundamentais na maioria dos doentes.

Sintomas

Contrariamente ao que ocorre na criança e no adolescente, a dor lombar é o sintoma mais comum da Escoliose e está presente em quase todos os casos. Contudo, a dimensão da curva não se correlaciona diretamente com os sintomas e os doentes com Deformidades da Coluna, mesmo significativas, poderão ser praticamente assintomáticos. 

Os doentes podem referir sintomas de perda de força nas pernas, também denominada de Claudicação Neurogénica, ou dor irradiada para a perna e pé, vulgo dor Ciática, por aperto do canal vertebral ou dos nervos raquidianos, ou Estenose. Mais raramente, o doente queixa-se de agravamento da deformidade ou inclinação anterior ou lateral do tronco.

Tratamento

Ao contrário da Escoliose da criança e do adolescente em que é a evolução da deformidade que condiciona o tratamento, no adulto são os sintomas, conjugados com os resultados dos exames, que orientam a decisão terapêutica.
O tratamento conservador, não cirúrgico e que inclui a fisioterapia, deve ser tentado numa fase inicial pois poderá aliviar os sintomas e melhorar a função.

Nesse caso, são usados anti-inflamatórios e analgésicos, corticóides orais ou injetáveis, ortóteses (cintas e coletes lombares) e fisioterapia. O exercício físico deve ser incentivado com o objetivo de manter a mobilidade, flexibilidade, estabilidade e resistência. Em casos selecionados, as infiltrações epidurais, feitas através de injeções de anestésicos e anti-inflamatórios diretamente no canal vertebral, sob controlo radiográfico no bloco operatório, podem proporcionar alívio sintomático duradouro.
Importante referir que o tratamento conservador não corrige nem evita a progressão da deformidade, pelo que, em caso de falência, está indicada a cirurgia que tem resultados superiores. Nem sempre é necessário corrigir a deformidade, podendo, em casos selecionados de compressão nervosa localizada, proceder-se apenas à descompressão vertebral, com remoção de osso, ligamentos e disco intervertebral que contribuem para a Estenose. Em casos mais graves de Escoliose e Deformidades da Coluna do Adulto, pode ser necessário corrigir a deformidade, por vezes com secção e reorientação da coluna vertebral, denominada por Osteotomia, e promoção da fusão intervertebral com o recurso a enxerto ósseo, espaçadores intervertebrais, parafusos e barras metálicas, também conhecido como Artrodese. Estes procedimentos podem ser realizados por técnicas convencionais ou minimamente invasivas.
Prof. Nuno Neves

Prof. Nuno Neves

Nuno Neves é Ortopedista no Hospital CUF Porto, onde é Coordenador da Especialidade de Ortopedia e da Unidade da Coluna.

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